RECORDAR OS VERDADEIROS ÍDOLOS


Foi um gigante do ciclismo mundial. Uma força da natureza que levava os seus opositores à exaustão. Vitórias nas etapas de montanha, como a de L’Alpe-d’Huez, deram a Joaquim Agostinho um estatuto quase mítico. O trabalhador rural transformou-se no ciclista profissional que encantou o País. Em 1968 entrou no Sporting Clube de Portugal, dando início a uma carreira triunfante. Venceu três vezes a Volta a Portugal e foi duas vezes 3.º classificado na Volta à França. “Um fenómeno”.
O ciclismo desperta nos Portugueses uma paixão só ultrapassada pelo futebol. Joaquim Agostinho foi um verdadeiro ídolo. As suas corridas deixavam as pessoas coladas à rádio e à televisão.
Joaquim Francisco Agostinho nasceu em Brejenjas, concelho de Torres Vedras, no dia 7 de Abril de 1943. Foi o quarto filho de uma família de camponeses. No início, a sua vida foi igual à de muitos outros. Trabalhou no campo e casou com uma rapariga da terra, Ana Maria, com quem teve um filho. Fez o serviço militar em Moçambique. Foi em África que começou a dar as primeiras pedaladas. Participava em corridas de amadores - e ganhava-as. Um dia, a passar férias em Portugal e entusiasmado com as vitórias conquistadas em Moçambique, pediu emprestado o equipamento de ciclista. Participou numa prova popular e ganhou com uma volta de avanço sobre o segundo classificado. A actuação impressionou João Roque, vencedor da Volta a Portugal de 1963. Convidou-o a entrar para a equipa do Sporting, corria o ano de 1968. Logo nesse ano, foi Campeão Nacional de Estrada e participou, pela primeira vez, na Volta a Portugal em Bicicleta. Tinha 25 anos. Vermelho e ofegante do esforço, agarrou o 2.º lugar. Um feito espantoso para um estreante. Era a confirmação da sua fibra de campeão. Chegou à meta “com 15 minutos de avanço face ao pelotão”.
Depois da prova rainha do ciclismo português, participou na Volta ao Estado de São Paulo. Venceu a corrida brasileira, após luta renhida com um ciclista italiano. O desempenho de Agostinho foi seguido com atenção por Jean de Gribaldy, patrão da equipa francesa Frimatic, que acabou por contratá-lo. Tinha chegado a vez de participar na prova mais famosa do ciclismo à escala planetária: a Volta à França.
Joaquim Agostinho não sabia falar francês mas, como bom português, lá se foi desembaraçando, com ajuda de um dicionário de bolso. O Tour não era parecido com as provas nacionais. Tinha concorrentes de grande qualidade e enorme impacto mediático. Começou bem, tornando-se o primeiro português a ganhar uma etapa. Não satisfeito, venceu outra, para delírio dos emigrantes. Joaquim Agostinho terminou o Tour em 8.º lugar. Um resultado extraordinário, que, no entanto, poderia ter sido melhor, não fosse uma queda.
As quedas, aliás, foram trágicas na carreira de Agostinho. Anos mais tarde viria a morrer devido a uma delas. “Era um poço de força, mas não era um virtuoso da bicicleta”. O domínio técnico da bicicleta era o seu ponto fraco. Perdeu uma volta à Espanha porque caiu numa descida.
Regressou a Portugal para participar na Volta. Ganhou a prova, mas foi desclassificado devido a um controlo positivo de “anti-doping”. Joaquim Agostinho sempre jurou estar inocente. De 1970 a 1973 dominou, por completo, a Volta a Portugal. Não tinha adversários. Ciente de que Agostinho só evoluiria se competisse com os melhores, o técnico Raphael Geminani aconselhou-o a não participar nas provas portuguesas. Tinha de escolher entre ser um campeão português ou um campeão mundial.
Em 1973 Agostinho defendeu as cores da equipa espanhola BIC, no Tour, vencendo várias etapas. Participou na Volta a Portugal, onde acabou por ser desclassificado, mais uma vez por causa de “doping”. Sentiu-se injustiçado e tomou a decisão de correr apenas no estrangeiro. No ano seguinte pedalou na Volta à Espanha, uma das provas mais frustrantes da sua vida. Chegou a ser anunciado como o vencedor, mas viu a vitória ser-lhe retirada. Apesar de terem sido invocados erros de cronometragem, ficou a sensação de que houve manobras de bastidores para dar a vitória a um espanhol.
Depois de prestações pouco entusiasmantes, em 1978 regressou em força à Volta à França. Como tinha 35 anos, foi olhado de lado pelos concorrentes, na maior parte dos casos mais novos. Não faziam ideia do que tinham pela frente. Alcançou o 3.º posto e foi aplaudido entusiasticamente pelos portugueses que assistiram à subida ao pódio. No ano seguinte repetiu a façanha e venceu a etapa mais difícil do Tour: a L’Alpe-d’Huez, com uma subida de cerca de 13 km. Em 1980, concorreu pela última vez na Volta à França. Ficou no 11.º lugar.
Joaquim Agostinho regressou a Portugal, para acabar a carreira no Sporting, clube que lhe tinha aberto as portas do ciclismo. Participava na Volta ao Algarve quando viu um cão à sua frente. Ao tentar desviar-se, caiu e bateu com a cabeça no asfalto. Sofreu um traumatismo craniano. Mesmo assim, quis terminar a prova e vencê-la. No Hospital de Loulé, decidiram enviá-lo para Lisboa. Em vez de o transportarem de avião, fizeram-no de ambulância. Quando chegou à capital, estava em coma. Morreu em 10 de Maio de 1984.
Apesar das quedas e do “doping”, Joaquim Agostinho foi um ciclista de altíssima dimensão internacional. Um herói que conquistou um lugar cativo na nossa memória colectiva. O atleta Dionísio Castro tem toda a razão quando diz que Joaquim Agostinho “continua connosco”.
Fonte:www.rtp.pt




1 Rugidos:

Anónimo disse...

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Report acerca da presença dos Bajan Fans na vossa curva :)

Ainda hoje Reportagem da deslocação à Madeira!!!! Torcida Verde Loures ; Contactos : Tm: 912122740 , E-mail : torverloures@gmail.com

 
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