11ª JORNADA - LEIXÕES 1 - 1 SPORTING CP

Sem losango ou com losango, a figura é sempre má!

Se alguma prova mais era necessária, ela está feita. O Sporting C P precisa muito mais do que aquilo que tem para honrar os pergaminhos que conquistou ao longo de um século de vida. Precisa, sobretudo, de uma equipa técnica mais experiente para poder ultrapassar obstáculos cada vez mais difíceis com que se confronta e o colocam, nesta altura, ao nível de qualquer equipa portuguesa mediana.

É desastroso o que se passa e não adianta assobiar para o lado ou enterrar a cabeça na areia para não se dar conta do que acontece. Não adianta fazer elogios ou prestar homenagens porque não será isso que faz alguém fazer mais do que é capaz.

Dizer ou reconhecer que o Sporting C P esteve hoje melhor do que no jogo anterior não basta. Nem se esperaria, alguma vez, que repetisse tão má exibição como a de Braga, talvez a pior que, na minha longa vida de sportinguista, alguma vez lhe vi fazer.

Se, depois de perder por 3-0 num jogo em que foi completamente dominado, empatar em Leixões é uma melhoria significativa, que dá satisfação ou resposta ao muito que é necessário fazer e, por isso, pensar que se está no bom caminho, este será um Sporting C P sem ambições, sem perspectivas e indigno de si próprio. Foi isto que Paulo Bento teve para dizer no final do jogo, que a equipa esteve melhor do que no jogo anterior!

Sem dúvida, a atitude dos jogadores foi hoje, no Estádio do Mar, bem diferente da que tiveram em Braga. Foram esforçados, determinados e conseguiram, até, diversas situações em que o seu esforço talvez merecesse ser melhor recompensado. Mas não passaram de um conjunto em que cada um fez o que de melhor foi capaz, sem uma estratégia de jogo que lhes permitisse tirar partido das suas capacidades individuais.

Já é tempo de saber o que está muito mal nesta equipa que não é capaz de vencer.


A equipa continua a não mostrar “fio de jogo” seja qual for a organização que adopte, o 4x3x2x1, o 4x4x2, o losango, o quadrado ou outra figura qualquer, mas que tem sido sempre má figura.

Ter um Purovic lá na frente sem desenvolver um tipo de jogo que dele tire os convenientes proveitos, é como não ter ninguém porque, em jogo de campo, ele é notoriamente fraco como, aliás, acontecia com Jardel que, apesar disso, marcava muito golos.

Não adianta mais esforço ou menos esforço se ele não for convenientemente orientado para o objectivo de ganhar. Não basta suor para vencer e, num jogo de equipa, as iniciativas individuais devem ser a excepção e não a regra.

Competente é o treinador que consegue, com os jogadores que tiver, tirar o melhor partido das suas capacidades. Sem isso, de que adianta ter jogadores de 30 milhões?

É certo que o Leixões entrou a ganhar com aquele golo esquisito que a ainda pouca experiência de Rui Patrício lhe não permitiu evitar. Mas, mesmo assim, não ser capaz de virar o jogo contra uma equipa que, depois de muitos anos, regressou à divisão principal e não tem jogadores cobiçados pelos maiores clubes da Europa é, francamente, um sinal de incapacidade para deles tirar o rendimento de que sejam capazes.

É certo, também, que o guarda-redes leixonense, formado no Sporting, fez defesas de grande qualidade, mas ele faz parte da equipa e há que contar com o seu desejo de demonstrar a capacidade que lhe não reconheceram. É uma motivação.

É certo que o Leixões, para além do golo que conseguiu numa oportunidade que não criou eliberadamente, apenas teve mais uma que Rui Patrício abortou com a sua saía da baliza, fazendo o adversário rematar alto.

É certo, ainda e como já reconheci, que os jogadores sportinguistas se esforçaram e até remataram muitas vezes.

Mas não é por tudo isto que deixa de ser certo que o Sporting C P foi, apesar de tudo isso, uma equipa vulgar, ao alcance de qualquer outra equipa do campeonato em que participa, pelo menos na ambição de não perder.

Esta equipa pareceu, à semelhança do que acontece em jogos de solidariedade, uma equipa de amigos de... sejam de que forem!

Quem sabe se, também nesta competição, não seria melhor, à partida, ter fixado as ambições máximas na participação na Taça UEFA, tal como Paulo Bento, sem que se percebesse porquê ou para que, o reconheceu em relação à Liga dos Campeões.

O Golo de Purovic chegou muito tarde, mas resultou de uma jogada em que as suas características podem ser aproveitadas. E não foi a primeira vez.

Espera-se do Sporting C P muito mais do que não se dar conta dos perigos que corre, apenas reconhecer o óbvio ou, pior do que isso, julgar bom o que não o é.

Parece que muita coisa foi colocada em causa em consequência da displicência com que as questões do futebol, além de outras, tem sido cuidadas. Veremos quais, senão mesmo até as financeiras a que parece que quase exclusivamente se tem prestado atenção!

Depois de uma época mal preparada, não se pode esperar uma época bem sucedida.

Mas o Sporting é muito mais do que o que tem mostrado e terá de continuar a sê-lo. Apenas é necessário que a sua Direcção tome as iniciativas que se impõe que sejam tomadas relativamente ao seu Departamento de futebol profissional e preste mais atenção a outras modalidades.

FICHA DE JOGO:

BWIN LIGA, 11.ª JORNADA
Estádio do Mar, em Matosinhos
Árbitro: Paulo Paraty (Porto)

LEIXÕES – Beto, Filipe Oliveira, Nuno Silva, Élvis, Ezequias, Bruno China, Jorge Duarte (Nwoko, 63 m), Cervantes (Vieirinha, 70 m), Jorge Gonçalves, Roberto (Paulo Vinicius, 82 m) e Hugo Morais.
Suplentes não utilizados: Jorge Batista, Nuno Diogo, Paulo Machado e Tales.
Treinador: Carlos Brito
Cartão amarelo para Vieirinha (83 m).
Golo: Abel (14 m p.b).

SPORTING CP – Rui Patrício, Abel, Gladstone, Polga, Ronny (Purovic, 27 m), Miguel Veloso, João Moutinho, Izmailov, Vukcevic (Pereirinha, 65 m), Romagnoli (Farnerud, 79 m) e Liedson.
Suplentes não utilizados: Tiago, Marian Had, Adrien Silva, e Luiz Paez.
Treinador: Paulo Bento
Cartão amarelo para Polga (24 m) e Liedson (45 m).

Golo: Purovic (88 m).

fonte: centenario sporting