Recebidos na Assembleia da República

No dia 25 de Maio a Torcida Verde foi recebida na Assembleia da República em reunião extraordinária, pelo Grupo de Desporto, pertencente à Comissão de Educação e Ciência.
Esta foi uma reunião há muito solicitada, visando debater vários temas, entre eles a aplicação da Lei 39/2009 e os direitos e deveres dos Grupos de Adeptos Organizados.
Destaque para a presença do Dr. Marcelo Rebanda,, Secretário da Mesa da Assembleia Geral do SCP que em nome do nosso clube participou na reunião.
Desde 2000 foi a 4ª vez que realizámos reuniões com esta Comissão da AR, motivados pelo dever de intervir na defesa dos direitos dos adeptos de todas as cores.
Na última reunião, em 2008, apresentámos um vasto dossier com a nossa leitura da conjuntura que envolve o fenómeno dos Grupos de adeptos Organizados, assim como diversas propostas para a alteração da lei então vigente desde Maio de 2004.
Tomámos a liberdade de fazer um balanço da actual lei, 39/2009 começando por lamentar o facto de diversas propostas da Torcida Verde não estarem contidas num diploma legal que se tem revelado sem aplicação prática; seja por insensibilidade institucional seja por inultrapassáveis obstáculos logísticos.
Nesse sentido apresentámos diversos exemplos ilustrativos duma realidade que infelizmente nos pareceu algo distante dos nossos interlocutores.
Embora conscientes da limitação das funções desta Comissão aproveitámos esta iniciativa para também responsabilizar as Instituições envolvidas nesta conjuntura, as quais parecem viver numa outra realidade, pelo que são naturalmente ultrapassadas pela natureza complexa e contraditória dos acontecimentos
Reafirmámos nosso inconformismo perante a visão redutora, preconceituosa que se abate de forma indiscriminada sobre a generalidade dos Grupos de Adeptos Organizados, defendendo nesse sentido um enquadramento legal adaptado à realidade no terreno e sobretudo participado pelos diversos intervenientes, contrariando a habitual produção de leis por personalidades e "experts" com uma visão teórica e por vezes embutidos de uma visão preconceituosa e pouco objectiva.
Nesse sentido realçámos a função preventiva, consignada na lei 39/2009 .Uma perspectiva profiláctica capaz de combater a etiqueta de "lei repressiva" enfatizada pelos seus detractores
Ainda neste contexto exortámos os deputados presentes na reunião a tomarem a iniciativa e a procurar conhecer uma realidade necessariamente muito distante das salas de reuniões da Assembleia da República.
Defendemos uma vez mais a intervenção Institucional / Governamental na definição dos deveres e também dos direitos dos adeptos que deve estar contemplada na lei da República, uma vez que não reconhecemos aos poderes do "nosso" Futebol profissional o mínimo interesse na realidade dos adeptos e de seus direitos constantemente violentados pela ofensiva dos interesses comerciais e corporativistas.
A lei do País deve sobrepor-se á "lei dos donos da bola" na qual os adeptos são meros consumidores.
Este aliás é uma evidência não contemplada na lei 39/2009.
A LPF, como a FPF e restantes Federações e Ligas das restantes modalidades não têm responsabilidades especiais, nem tão-pouco penalizações no actual quadro legal, o que é sintomático da sua ineficácia e inconsequência
Esta foi mais uma iniciativa da Torcida Verde de denúncia, mas também de apresentação de propostas concretas contidas no dossier apresentado no ano de 2008.
Pena que os membros desta Comissão não tenham tido oportunidade para uma leitura, ainda que superficial ao documento que entregámos também a todos os Grupos Parlamentares.

Desta forma estamos convictos que os resultados desta iniciativa seriam bem mais produtivos.
Temos a consciência das dificuldades e contradições deste nosso caminho: contudo temos a convicção que é fundamental responsabilizar as Instituições, confrontando-as com uma realidade a que se encontram a anos-luz.
Seria mais fácil adoptar uma postura populista de "bota abaixo",tão demagógica como inconsequente.
De qualquer maneira esta nossa intervenção de 25 Maio de 2005, a exemplo das anteriores desde o ano 2000 ficará registada e gravada nos arquivos da AR; pelo que irá perdurar independentemente dos acontecimentos futuros, testemunhando um importante valor da Torcida Verde presente ao longo desta viagem:a coerência no discurso e na acção!
Oxalá todos os nossos interlocutores e restantes actores desta problemática possam encarar os acontecimentos com semelhante coerência.
Oxalá evidenciem o mesmo sentido de responsabilidade e o inconformismo próprio de quem não se resigna, nem se rende perante o imobilismo e o situacionismo retrógrado.
O tempo como sempre irá responder
Assumimos deveres e lutamos por direitos.